Hoje é domingo de carnaval. O carnaval de hoje já não faz parte do meu programa de vida. E acredito que de muita gente na minha faixa de idade. É que o tempo passou e ficamos satisfeitos em recordar os carnavais do passado descansando em algum lugar. Só o Pinto da Madrugada faz recordar os bons tempos.
Os carnavais dos anos 50 e 60, aqueles que vivi com entusiasmo numa Maceió em que todos se conheciam, eram carnavais em que se misturavam a alegria e o romantismo. Havia lança-perfume que servia de início de namoro para muita gente, serpentinas, confetes, o corso pela rua do comércio servindo de brincadeira pura, sem violência e sem drogas. E todo mundo brincava feliz, ricos e pobres, unidos pela música do frevo espalhadas pelos quatro cantos do Centro da cidade. E as músicas tinham letras bonitas com toques sentimentais românticos e poéticos.
Vejamos algumas: “Eu bem sabia que esse amor um dia também tinha o sem fim, essa vida é mesmo assim”. “Quem sabe sabe, conhece bem como é gostoso gostar de alguém”. “Tenho uma coisa para lhe dizer mas não digo não porque faz mal ao coração”. “Mande embora essa tristeza, mande por favor. Pode ser que esta tristeza mate o nosso amor”. Diferença imensa das letras de hoje sem sentido, vazias e pornográficas até algumas. É assim o carnaval de hoje com alegria, mas com violência, com drogas e sexo à vontade, sem o frevo, com a invasão das músicas baianas levadas pelos ensurdecedores trios elétricos.
A população cresceu demais nos últimos 10 anos, de tal forma que em todos os lugares há gente, muita gente: nos aviões lotados transportando turistas para todos os cantos, nos navios transatlânticos visitando terras brasileiras e o Caribe, nos hotéis da orla marítima, nos hotéis fazenda e nas casas dos amigos, principalmente na praia. Conheço muitos deles que voltam destes quatro dias de carnaval procurando umas férias. É que estão exaustos. A dona da casa principalmente. Enquanto a turma jovem toma seu banho de mar a dona da casa dá uma de Amélia, a mulher de verdade. E como fundo musical um elevadíssimo som saindo da própria casa ou de algum carro incrementado que está na porta.
Se tem criança pequena dentro de casa, o choro aumenta o barulho porque o bebê não suporta tanta confusão. Assim é o lazer do carnaval para quem tem casa na praia ou no campo. Seja de que modo for aproveite esses dias, faça amigos, brinque sem excessos, não dirija embriagado. Use bastante a natureza, enfim, procure ser feliz durante esses dias e diga como na música antiga: “Ó quarta- feira ingrata, chega tão depressa só para contrariar”.
terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
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Um comentário:
Dr. Milton,
Adorei seus artigos, concordo integralmente com o teor dos mesmos, ficarei no aguardo de novas postagens com ansiedade.
Um forte abraço,
da mãe do Felipe Gomes Venegas,
Sandra Gomes.
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